Brizolistas em pé de guerra
Disputas internas e brigas judiciais marcam crise, agravada por denúncias no Ministério
Rio - Se em Brasília denúncias de corrupção no Ministério do Trabalho chamuscam a imagem do PDT, no Rio o partido vive uma das piores crises desde a morte do líder Leonel Brizola, em 2004. Racha entre militantes históricos, debandada de deputados e ações na Justiça esquentam o clima entre os trabalhistas.
Todos alegam defender os ideais e a memória da legenda, mas estão longe de um acordo. A pressão interna contra o presidente nacional licenciado e ministro do Trabalho, Carlos Lupi, — e aliados — fez a direção estadual radicalizar. Abriu processo na Comissão de Ética Nacional, que pode levar à expulsão do deputado Paulo Ramos, maior adversário da direção nacional no estado.
‘PARTIDO FISIOLÓGICO’
Ramos acusa Lupi de ser o “grande traidor do Brizola” e chama o presidente regional, José Bonifácio, de “ficha suja”. “O PDT chegou ao fundo do poço com essas figuras dirigindo o partido. Lupi transformou o PDT num partido meramente fisiológico”.
Ele afirma que não será expulso do PDT. “Muito antes disso, eles não estarão mais na direção do partido e, possivelmente, um ou outro poderá estar na cadeia”, diz.
“Paulo Ramos fez um pronunciamento na Assembleia Legislativa dizendo que eu estava vendendo o PDT no interior e chegou usar a palavra quadrilha. Não podia ouvir isso e ficar quieto. Uma coisa é a crítica política, outra coisa é a calúnia”, rebate Bonifácio.
‘MOVIMENTO DE FRUSTRADOS’
A deputada estadual Cidinha Campos, que também assina a representação contra o colega, desqualifica o Movimento de Resistência Leonel Brizola. Integrado por Ramos, Vivaldo Barbosa e outras lideranças históricas do PDT, o grupo defende a saída de Lupi do ministério.
“É um movimento de frustrados. O Vivaldo é a pessoa mais deletéria que conheci na vida”, dispara. “Eles reclamam que o Lupi se apropriou, mas morrem de inveja, porque é o que eles queriam ter feito.”
Para Bonifácio, contestar Lupi é sinal de “despeito”. “Estão aproveitando a onda contra ele para tentar manchar uma pessoa que é corretíssima”, avalia, lembrando que o ministro era o homem de confiança de Brizola.
“O Ministério do Trabalho não representa o PDT, não se envolve em questões trabalhistas”, reage Vivaldo. “Estou na luta política, defendendo os ideais do partido para que volte a ser brizolista.”
O deputado federal Miro Teixeira reconhece que a situação é delicada, mas se diz esperançoso. “O partido sairá da crise mais forte.”
Secretaria da Alerj em risco faz legenda recorrer à Justiça
A direção estadual do PDT entrou semana passada com uma ação no Tribunal Regional Eleitoral pedindo os mandatos dos deputados Wagner Montes, Myrian Rios e Marcos Soares, que migraram para o recém-criado PSD.
Ao passar da segunda para a terceira maior bancada na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), o PDT arrisca perder espaço na Casa, como a 1ª Secretaria da Mesa Diretora. A função cabe hoje a Wagner Montes, que se diz surpreso com a ação pedindo seu mandato. “É um direito deles, mas não esperava por isso”, afirma.
“Os três deputados não contribuíram para a formação do PSD”, justifica o presidente, José Bonifácio. “Se tivessem participado do abaixo-assinado antes da análise da Justiça, poderiam ser considerados fundadores. Não foi o caso. Houve infidelidade partidária”, analisa.
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