DISCURSO NA ALERJ 26/10/2011
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados
Venho mais uma vez a esta tribuna diante de fatos acontecidos nesses últimos dias e venho mais uma vez denunciar a direção do meu partido, o PDT. Denunciar uma direção que transformou a nossa histórica legenda num cartório, num balcão de negócios, numa legenda de aluguel. A direção do PDT liderada, lamentavelmente, pelo Ministro do Trabalho Carlos Lupi que acumula as funções de presidente nacional e de presidente regional, embora licenciado, e acumula conduzindo a nossa legenda a uma verdadeira desmoralização. Quanto mais desorganizado o partido, quanto mais distante de suas próprias bases, quanto mais afastado dos movimentos sociais melhor para a atual direção manter o controle da legenda e o faz criando situações de tamanho constrangimento fazendo com que quadros políticos eleitos por nossa legenda deixem o partido.
Como alguém pode imaginar que um Deputado eleito com mais de 500 mil votos, o Deputado Wagner Montes – e é preciso registrar, Sr. Presidente, o Deputado Wagner Montes que nesta Casa, pelas posições que assume, se compatibiliza com o programa do PDT e tem uma postura nas votações concretas de oposição ao Governo Sérgio Cabral, é preciso registrar isso – fosse completamente desprestigiado, como todos os demais parlamentares, embora a parcela maior aqui na nossa Assembleia Legislativa tenha se acumpliciado a direção do partido, assumindo claramente uma aliança com um Governo que não guarda com o nosso partido nenhuma identidade? Desprestigiado por quê? Porque caminhando para o próximo ano, para as eleições municipais, a direção do partido não reúne a bancada, não ouve ninguém. Entre os 92 municípios do Estado do Rio de Janeiro, em 45 o PDT não tem nenhuma representação em termos organizacionais, não tem diretório nem comissão provisória. Em 41, só tem comissão provisória, instituída ou destituída ao sabor dos interesses daqueles que se abonaram do partido.
E somente seis diretórios constituídos, diretórios que podem ser removidos de acordo com o interesse daqueles que dirigem o partido monocraticamente.
Imaginar, Sr. Presidente, que temos na Executiva Regional do PDT – Executiva provisória – uma comissão provisória, porque na última eleição para o Diretório Regional, aqueles que são os vendilhões do trabalhismo ousaram impugnar a chapa opositora.
Mesmo depois – veja que cinismo – anulada a eleição por decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, a Direção Nacional, também comandada por Carlos Lupi, ousou nomear uma comissão provisória composta pelos mesmos membros da Executiva que resultara do Diretório Regional, cuja eleição foi anulada.
Isso, Sr. Presidente, provocou, obviamente, muitas reações. Talvez, com o silêncio de alguns – silêncio revoltado – e outros desanimados. A partir desse controle de burocratas – burocratas! – funcionários do partido na comissão provisória nomeada, funcionários, embora diletíssimos companheiros, mas obviamente subordinados à direção.
Se porventura os funcionários do PDT, celetistas com carteira assinada, não cumprirem as ordens do Ministro Carlos Lupi, seguramente serão demitidos. Se bobear, por justa causa, na visão dos dirigentes do partido.
E aí, Sr. Presidente, o Deputado Wagner Montes – e tomei conhecimento só agora que também o Deputado Marcos Soares – deixam o PDT.
Se o PDT fosse um partido político que estivesse se apresentando como alternativa de poder, em homenagem à causa trabalhista, se estivesse organizado em todos os municípios e na Capital, em todas as zonas eleitorais; se, através dos seus quadros, estivesse participando do movimento social; se a direção do partido ouvisse a militância, ouvisse os filiados, seguramente, ao contrário: nesse vácuo que existe no quadro político, seguramente nossa legenda, o PDT, estaria muito mais valorizada.
Então, venho a esta tribuna, Sr. Presidente, mais uma vez, primeiro para lamentar. Quero lamentar muito a perda de quadros importantes, a começar pelo Deputado Wagner Montes e pelo Deputado Marcos Soares.
Mas muitas figuras destacadas – outras figuras que têm expressão na comunidade onde moram, nas categorias profissionais a que pertencem – foram abandonando, ao longo desses últimos anos, nossa legenda.
Venho aqui, mais uma vez, para denunciar os dirigentes do PDT como responsáveis pela falência de nosso partido, mas, ao mesmo tempo, para alertar – já o fiz mais de uma vez – aqueles que imaginam que em se subordinando à atual direção, poderão conquistar espaços. Não conseguirão. E as outras legendas, que começam antecipadamente a entabular negociações com vistas à eleição do ano que vem, as eleições municipais, com a atual direção, que se acautelem, porque nós vamos impugnar, nós vamos impedir, nós vamos tentar invalidar qualquer acordo feito pela atual direção. Porque a direção atual não está legitimada. E mesmo um acordo aparentemente legítimo não poderá ser legitimado se feito com a atual direção.
Que saibam aqueles que estão no PDT nos quatro cantos do Estado que nós estamos num movimento de resistência. Ao PDT só cabe uma saída: substituir a atual direção. Eles se ilegitimaram, traíram a nossa causa, corromperam o nosso programa, fizeram alianças as mais espúrias.
É preciso dizer que não há, no Governo Sérgio Cabral, nenhuma política pública com a qual possamos encontrar correspondência no nosso programa partidário. E ideologicamente nem se fala; estamos muito distantes. Porque o Governo Sérgio Cabral é um Governo de extrema direita, que persegue o pobre, que exclui, que destrói a Educação, destrói a Saúde pública, destrói tudo aquilo que poderia corresponder ao mínimo de expectativa àqueles que ainda proclamam que são sucessores ou que defendem o legado de Vargas, Jango e Brizola.
Brizola está se revolvendo no túmulo; Jango nem se fala; Getúlio…eles estão juntos. Os túmulos são próximos, lá em São Borja. Seguramente, estão formando lá uma cadeia da legalidade para tentar salvar a nossa legenda.
Venho a esta tribuna, Sr. Presidente, primeiro para lamentar muito a perda dos Deputados Wagner Montes e Marcos Soares e, ao mesmo tempo dizer que não há outra saída, senão a militância do PDT ir para a sede do partido ou para todas as sedes e dizer: “Fora Lupi! Abandone a nossa legenda você, porque hoje você é a negação do trabalhismo, é a traição ao Brizola. Você não merece mais continuar no cargo em que se encontra”.
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