Não é possível chegar de forma arbitrária e destruir a vida das pessoas. Porque o que está acontecendo aqui, por tudo que analisei, tem muitas ilegalidades. "O governo não pode sem qualquer levantamento prévio chegar e em homenagem ao Eike Batista, o grande corruptor de tudo isso, chegar aqui e desapropriar tudo".
PAULO RAMOS
Agricultores fazem manifestação perto do Porto do Açu
Cerca de 80 pequenos proprietários de terras promovem na tarde de hoje uma nova manifestação nas margens da estrada que dá acesso ao complexo industrial do Porto do Açu, em São João da Barra, no norte fluminense. O motivo do protesto, realizado a quatro quilômetros do porto, é a insatisfação com o processo de desapropriação de terras promovido pela Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (Codin), para dar espaço às empresas que vão participar do complexo industrial. O empreendimento tem início de operação previsto para 2012 e é tocado pela LLX, do grupo EBX, idealizado pelo empresário Eike Batista.
Esta não é a primeira vez que o complexo é alvo de protestos. Em um período de três meses, o complexo já contou com pelo menos outras duas manifestações. Em março deste ano, as obras do complexo sofreram uma parada por conta da paralisação de operários de construção, que reivindicavam melhores condições de trabalho. Em abril, pequenos proprietários insatisfeitos com a desapropriação de terras bloquearam a estrada que dá acesso ao porto, impedindo a entrada de trabalhadores e de caminhões com insumos no canteiro de obras.
Novamente, estes mesmos pequenos agricultores promoveram manifestação para protestar contra a continuidade do processo de desapropriação, mas em caráter pacífico e sem nenhum tipo de bloqueio de estrada, segundo o proprietário Paulo Toledo, que estava no local. De acordo com Toledo, a intenção dos manifestantes é permanecer no local até quinta-feira, quando devem seguir em carreata até a prefeitura de São João da Barra.
"Tenho duas pequenas propriedades e a Codin tentou fazer a desapropriação. Eu não deixei eles entrarem", disse Toledo, acrescentando que muitas famílias estão sendo forçadas a sair de suas terras pela companhia estadual.
Segundo a Codin, 94 famílias residem na área de 70 quilômetros quadrados a ser desapropriada. Os agricultores, no entanto, dizem que a desapropriação envolve 1,5 mil famílias.
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